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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Manifesto: por um ato construtor menor

Em um tempo marcado por um processo de violação e arrasamento das diferenças próprias de cada território particular, ‘pequenas manifestações’, acontecidas nas frestas/fendas deste ‘campo maior’, anunciam rugosidades capazes de referenciar o caráter particularmente memorável da existência de cada um de nós.

Tais presenças fragmentárias cravam suas raízes mais profundamente em nossa memória do que a lisura do acabado e do completo.

Certas sustentações/possibilidades de ‘atos menores’, sobreviventes de um processo global de higienização e saneamento do território de nossas cidades/existências, anunciam possibilidades da edificação de outras e ‘diferentes dobras’ sobre o domínio de uma ordem baseada em uma gestão uniformizante do espaço vivenciado.

A manifestação destas ‘dobras’ carece de um ‘esbarro’ arquitetônico que possa referenciar nossas presenças sobre o território desconstruído.

Edifica-se então um ‘gesto-arquitetura menor’ capaz de agenciamentos precisos em um espaço exíguo e de difícil determinação.

“ ...as metáforas são uma das coisas que me fazem perder a esperança na literatura;
o que no seio das grandes literaturas ocorre em baixo e
constitui como que algo não indispensável ao edifício, na
literatura menor ocorre em plena luz, - o que lá provoca um
tumulto passageiro, aqui é uma sentença de vida ou de morte.”
[ Diário - 1921 ] Franz Kafka


Adriano Mattos Corrêa
Arquiteto e Professor

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