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quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Flâneur (I)

"Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,

Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores." Lisboa - Álvaro de Campos

O poema acima também pode ter as cidades Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória (para ficar nas capitais do Sudeste), Girau do Ponciano (AL), Divino de Laranjeiras (MG), Anta Gorda (RS), como títulos. E o pior, seriam poemas atuais como nunca.

Então a arquitetura e a arte podem desconsiderar, de um lado, a crescente espetacularização ou midiatização das relações sociais, e, de outro, as tensões e os conflitos deflagrados no cenário geopolítico mundial? Conforme questiona Lisette Lagnado, curadora da 27ª Bienal de São Paulo.

Um comentário:

cosmorama vulgata disse...

marco, gostei do que comecei a ler aqui. acho que vamos ter boas conversas desse lado (?) de cá do mundo. parabéns pela revista.