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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cidades Ressecadas

Recebi por email um novo artigo (ao final do post) do Edézio Teixeira. Falando sobre sustentabilidade, Edézio critica o escoamento da água das chuvas pelos telhados e vias públicas das cidades. Neste artigo o autor afirma que as cidades devem possibilitar a infiltração da água no solo e a utilização da água pluvial nas casas, comércio, indústria. Segundo o autor, são medidas simples e a custo zero.

"O termo sustentabilidade é empregado de forma vaga associado ao desenvolvimento sustentável, este sendo o que não comprometa as gerações futuras. Um circunlóquio estéril, nota o leitor? Para dar sentido concreto à sustentabilidade, ordenei o que chamei seus fatores em 9 grupos, chamando atenção para o fato de que todos eles, com exceção do Sol, que nos aquece, e da Lua, que nos varre as praias, pertencem ao planeta Terra, sendo portanto geológicos. São eles: A geodinâmica interna (processo criador e renovador da sustentabilidade), os recursos minerais, os hídricos, os da biosfera, os da atmosfera; as condições de suporte físico dos assentamentos humanos, as de absorção de impactos ambientais, as paisagens excepcionais e a noosfera (a mente humana, responsável pela identificação, desenvolvimento e aproveitamento dos demais).

Esta classificação, combinada com o princípio do vaso fechado, proporciona meio de promover balanços quantitativos do estoque da sustentabilidade planetária ao longo do tempo. Esse princípio diz basicamente o seguinte: Todo o estoque da sustentabilidade encontra-se no mesmo vaso (a Terra); se opto, por razões teológicas, filosóficas, ou culturais, por não usar na alimentação certos recursos da biosfera, como baleias ou animais em geral, terei de aumentar a produção dos equivalentes não atingidos pela opção, por exemplo bois ou cereais. Essas opções, portanto, como todas as que fazemos na vida, têm custos ambientais.

No campo prático a aplicação do conceito de sustentabilidade, e de um de seus princípios operativos, o do vaso fechado, está presente na seguinte questão que qualquer cidadão pode avaliar: As cidades convencionais, em suas partes altas, são áreas excessivamente drenadas por efeito colateral da urbanização (águas pluviais impedidas de infiltrar-se por telhados e vias públicas). Esse efeito colateral poderia ser contido a custo nulo por medidas técnicas muito simples: Coleta, para uso, das águas pluviais, infiltração forçada e outros, dentre estes a colocação, geologicamente orientada, dos resíduos inertes nos fundos de vales. A medida recupera a sustentabilidade perdida por erosão ou insuficiente por natureza, de acomodar as águas pluviais, evitando que elas retornem precocemente ao mar. Quase nenhuma cidade eurocêntrica faz isto, embora na RMBH já tenhamos bom começo. Atente o leitor para o seguinte fato: Esse comportamento de rejeição da água, nascido nas cidades, que ocupam apenas 0,5% do território mundial, expande-se para o campo cultivado e para todas as vias de transporte terrestre por determinação da Cidade, que ordena (ou desordena) o Campo, aí alcançando mais de 50% do território mundial (des)organizado pela tradição européia, diferente da incaica, evidenciada em Machu Pichu."


Edézio Teixeira de Carvalho
Engenheiro Geólogo
edeziotc@gmail.com

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