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quarta-feira, 25 de março de 2009

Studio Toró visita a Creche Nutris





Hoje eu e o Marcelo Duarte visitamos o Nutris, uma creche criada e mantida pela magistratura mineira, para darmos início ao projeto do Studio Toró de apresentar a crianças do Ensino Fundamental a importância das águas em nossas vidas. Nas oficinas, explicamos, basicamente, o porquê das enchentes, que devemos fazer uso sustentável da água, falamos como o planejamento urbano é um dos causadores das enchentes, e provocamos os alunos para discutirem o tema e questionarem.

Foi interessante perceber que a maioria dos alunos sabem que é errado o uso indiscriminado do asfalto e do cimento. Um deles disse: "Os canos da Prefeitura transbordam com tanta água que vai pra eles". E na oficina eles compreenderam ainda mais as consequências desse uso indiscriminado, dentre outras coisas, e algumas soluções que podem partir deles.

Mas o que mais me chamou a atenção foi que todos os alunos não sabiam aonde ficam a "Linha Verde" (segundo o Governo do Estado de Minas, a mais importante obra viária em anos. É o carro chefe do Governo) e o Aglomerado da Serra (uma das maiores favelas do Brasil).

Não sei o motivo ao certo. Mas um é a mobilidade urbana.

Eles alegam que não andam de ônibus pois seus pais não podem pagar para eles e que os ônibus só "andam onde eles querem". E essa mobilidade é importante para a criança conhecer a cidade como um todo e observar as falhas e os acertos de determinado lugar em comparação com outros lugares. Esse conhecimento ajuda a formar opinião e a criança pode se tornar um agente para melhorar a cidade.

E, por coincidência, agora a pouco a Leta, arquiteta urbanista e professora do DAU/PUC Minas, deu uma entrevista ao Jornal da Globo comentando sobre o pacote de habitação do Governo Federal.

Segundo ela, não adianta garantir a moradia sem se preocupar, inclusive, com a mobilidade dessas pessoas, pelo menos no trajeto casa-trabalho. Que além de eficiente, o transporte público não pode onerar ainda mais a pessoa. "O custo de transporte urbano representa um custo muito elevado no cotidiano das pessoas. Então, o sujeito morar em uma condição periférica longe desses serviços, que, para qualquer consumo, qualquer necessidade básica, ele tenha que se deslocar, isso não é solução", afirma Leta.

Ou seja, realmente um dos principais motivos dos alunos do Nutris não saberem aonde fica a famigerada "Linha Verde" deve-se a mobilidade urbana precária, ineficaz e cara de Belo Horizonte.

Há muito Belo Horizonte clama por transportes públicos que primem pela qualidade e eficiência e que possam atender a todos, criando itinerários de interesses e necessidades do usuário, criando políticas que criem tarifas deferenciadas de acordo com o trajeto, idade, dia, horário e profissão.

Enfim, falta uma consciência cidadã de todos os belorizontinos e brasileiros para mudar o paradigma das políticas públicas elaboradas de cima para baixo, além de um zelo maior para com as cidades.

Digo que espaços públicos são os prédios onde funcionam as repartições estatais, como a Prefeitura, a Câmara e o Tribunal. Praças, ruas, parques são espaços sociais, da sociedade, do cidadão.

Espero que a oficina tenha sido proveitosa para os alunos e que eles possam, aos poucos, mudar a mentalidade atual sobre a importância de contribuir para a permeabilidade da água no solo.

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