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domingo, 12 de novembro de 2006

Flâneur (II) ou "A cidade está em mim e eu estou na cidade"

“Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem. Flanar é ir por aí, de manhã, de dia, à noite, meter-se nas rodas da populaça (...). É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico. Daí o desocupado flâneur ter sempre na mente dez mil coisas necessárias, imprescindíveis, que podem ficar eternamente adiadas” João do Rio.

"O flâneur, assim, pelo gosto da observação ligeira e fortuita, adapta-se à torrente do tempo, deixa-se levar pela variedade, eximindo-se da “pressa de acabar” e escapando ao efeito desgastante do tempo por renunciar a dar à sua atividade qualquer conteúdo em especial" Marcos Guedes Veneu.


Mas, na realidade, ao contrário do título, o eu está em conflito com a cidade. Em tudo, uma estranha pressa de acabar se ostenta como a marca do século. Somos máquinas-pensantes vinte e quatro horas.

Desacelera-mo-nos, pois. Novamente faço esse apelo. Curta a cidade, sente-se em um banco, visite um mirante, molhe numa fonte, corra no parque, caminhe até o restaurante, no trânsito, olhe em volta.

Flanando nesses textos e na web, admito: vale à pena flanar, ainda que com um certo mal humor à lá Álvaro de Campos.

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