"Tudo o que posso dizer (sobre a obra) não tem nada a ver com a arquitetura", disse Niemeyer ao dedicar esta construção ao Brasil, simbolizado nas cores verde, amarela, azul e branca do auditório, que ele mesmo destacou em seu breve discurso.
O público que lotava a sala cumprimentou de pé com uma longa salva de palmas o arquiteto de 99 anos, que compareceu à inauguração acompanhado de sua mulher e de uma filha.
A inauguração foi o primeiro ato realizado em Niterói para comemorar o centenário do nascimento do arquiteto, que acontecerá em 15 de dezembro.
O mais famoso arquiteto brasileiro foi acompanhado no ato pelos ministros de Cultura, Gilberto Gil; de Turismo, Marta Suplicy, pelo secretário nacional de Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, e por autoridades regionais e locais.
Suplicy ressaltou que o Teatro Popular se soma às outras obras de Niemeyer em Niterói, o que oferece um importante pacote turístico e cultural à cidade, situada na baía de Guanabara.
Gil, por sua parte, destacou a afinidade entre a política cultural da cidade e a do Governo Federal, já que procura a "democratização" e o acesso de todos à cultura.
O ministro ressaltou que a abertura do Teatro contribuirá para essa promoção e para o respeito à diversidade cultural do Brasil.
O teatro é a sexta obra de Niemeyer em Niterói, a cidade que também acolhe o famoso Museu de Arte Contemporânea.
Com a inauguração do Teatro, Niterói se transformou na segunda cidade brasileira com maior número de trabalhos do arquiteto, após Brasília, sua obra prima urbanística.
Com uma capacidade para 10 mil espectadores, o teatro possui as curvas em concreto que já constituem a assinatura de Niemeyer.
Além disso, foram construídos dois painéis gigantes de azulejos com bosquejos de figuras humanas em movimento.
Uma inovação é um camarote reversível que pode servir para espetáculos privados, com capacidade para 350 pessoas, mas que também pode se abrir para a parte principal do teatro, com capacidade para 10 mil pessoas.
Uma parede de vidro permite ao público ver a baía de Guanabara do interior do teatro, que conta com um espelho de água, rampas e escadas em espiral, elementos freqüentes nas obras de Niemeyer.
O projeto, o "mais demorado e difícil de realizar", segundo o arquiteto, teve um custo de R$ 14 milhões, dos quais R$ 9 milhões são provenientes da Prefeitura de Niterói e os R$ 5 milhões restantes foram doados pelo Ministério do Turismo.
"Durante anos, a obra foi infelizmente afetada pelos diferentes problemas que a falta de recursos gerava", disse Niemeyer, que, em artigo publicado esta semana, admitiu que os problemas orçamentários não só atrasaram a construção em cerca de oito anos, mas o obrigaram a realizar diversas modificações no projeto.
O arquiteto afirmou que durante todo esse tempo se absteve de criticar os responsáveis pelos problemas, porque reconhece que "todos tentavam encontrar uma solução, qualquer que fosse".fonte: www.terra.com.br
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