Se seres humanos são criaturas políticas, os prédios em que eles habitam não têm uma política?
Levantar esta questão custou a dois jovens arquitetos israelenses seu cobiçado espaço no Congresso Mundial de Arquitetura de 2002. Eyal Weizman e Rafi Segal ganharam a comissão da Associação Israelita de Arquitetos Unidos (IAUA - Israeli Association of United Architects) para representar seu país no congresso, realizado em Berlim em julho corrente.
Então os funcionários da IAUA viram o catálogo para a exposição planejada, "Uma Ocupação Civil: A Política da Arquitetura Israelense".
Antes que Weizman e Segal soubessem, a exposição foi cancelada e eles viraram celebridades internacionais.
Porque a IAUA ficou tão enfurecida? "Uma Ocupação Civil" é uma crítica mordaz do papel da comunidade arquitetônica israelense na rápida colonização dos territórios ocupados, particularmente a margem oeste*. Com ensaios fortemente argumentados, mapas detalhados e dramáticas fotos aéreas, o catálogo mostra como mais de 800 assentamentos israelenses - desenhados por arquitetos, estrategicamente empoleirados em topos de colinas e vedados para palestinos - são chaves para o controle governamental dos territórios.
O presidente da IAUA Uri Zerubavel tem raivosamente rejeitado o projeto, chamando-o de "Pró-político, anti-judeu e anti-sionista". O IAUA é uma organização profissional, não um partido político, ele diz; exibir "Uma Ocupação Civil" internacionalmente daria uma má reputação aos arquitetos israelenses. Weizman acha que Zerubavel está se equivocando. Para ele, a Margem Oeste é um estudo de caso, "um grande laboratório onde processos urbanos onipresentes são acelerados e tornados extremos". Ao expor a cumplicidade dos arquitetos israelenses numa ocupação "imoral, ilegal", Weizman espera chamar atenção para uma falta de consciência comum na arquitetura e planejamento contemporâneos.
Ironicamente, é provável que mais pessoas acabem vendo "Uma Ocupação Civil"do que as que teriam visto em Berlim. Weizman diz que recebeu diversos convites da Europa para receber a exposição, e a Babel Press está reeditando o ofensivo catálogo. Abra o olho, Rem Koolhaas.
* Os territórios da Cisjordânia, margem oeste do Rio Jordão (Nota do Tradutor).
Tradução de Ricardo Rosas
Fonte: Adbusters (www.adbusters.org) e rizoma.net
“Outro motivo que deve nos encorajar a nos aplicarmos nos estudos é a utilidade que deles pode desfrutar a sociedade de que fazemos parte, pois podemos acrescentar novas comodidades às muitas de que desfrutamos.”(Montesquieu) - "A Terra vai recuperar o equilíbrio sozinha, mesmo que demore milhões de anos. O que está em risco realmente é a civilização."(Lovelock)
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