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segunda-feira, 23 de junho de 2008

A obsessão pela imagem é nociva para a arquitetura? (2)

Qualquer obsessão é nociva.

A imagem é importante, desde que possua uma linguagem. Uma linguagem que comunica, que dialoga, que transmita uma mensagem, que induza algo, que dialoga, que provoca, que incomoda, o usuário, o habitante, enfim, o observador. Tem que ter um "porquê". Explícito, induzido, intuitivo. Não pode se por acaso. A imagem não pode ser deslocada do corpo. Caso contrário, nada do que disse acontece. O corpo tem que fluir, sentir, perceber o espaço para que a imagem seja inteligível. Para que possua, portanto, uma linguagem.

A imagem também deve ser uma meta para incentivar a criatividade, a aprimoração de técnicas construtivas e a melhorar a utilização de materiais na construção. Sem isso, dificilmente o Coliseu existiria, a Igreja da Pampulha nem no papel desenhada seria. A "ausência" de paredes nas igrejas góticas não impressionariam. O que falar da estrutura de metal e das edificações de bambu?

E vejo com bons olhos uma cidade, sem vocação aparente para turismo, ser mecena e patrocinar uma obra arquitetônica. Desde que há essa linguagem. Estimula a criatividade, o aprimoramento dos arquitetos urbanistas. Afinal de contas, um dos grandes motivadores do turismo é a arquitetura. Seja pela morfologia urbana (Brasília, Ouro Preto) ou pelos edifícios em si (Coliseu, Igreja da Pampulha).

O Museu Guggenheim Bilbao inova na imagem, mas não na função e na estrutura de um museu. O edifício é mais visto que as obras de arte em seu interior. Pessoalmente ainda não visitei o museu, mas um amigo meu disse que tem mais pessoas do lado de fora do que dentro dele.

Mas penso que a obsessão pela imagem demonstrada no projeto e execução do museu não foi nociva porque foi pioneira. Agora podemos utilizar todas as técnicas empregadas ali e imprimir uma linguagem mais refinada em outras obras. Creio que se essa obsessão pela imagem não fosse tão marcante no museu, talvez dificilmente conheceríamos tais técnicas.

Por fim, penso que está ocorrendo o contrário. Estamos desprezando por completo a imagem. Por que? Na próxima postagem.

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