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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Nova rodoviária de Belo Horizonte no Calafate – participativa?

O debate sobre a Nova Rodoviária de Belo Horizonte se mantém intenso. Contudo, a Prefeitura Municipal, a Empresa BHTRANS e órgãos públicos estaduais têm contribuído para o entendimento de que estamos nas mãos de um poder NADA participativo. A cada apresentação sobre o tema são ditas palavras que envergonham os cidadãos.

A nova rodoviária tem suscitado questões que ultrapassam a sua problemática em si. Por exemplo, já sabemos que o Estudo de Impacto de Vizinhança não foi realizado por não estar determinado pela lei municipal. Como pode uma capital não querer seguir a legislação federal, o Estatuto da Cidade? Como é permitido que se mantenha um Plano Diretor feito em 1996?

Os interessados na nova rodoviária dizem que há mais impactos positivos que negativos; porém, não apresentam os pontos positivos que fariam os moradores do Calafate e entorno implorarem para que a rodoviária vá para a região.

Afirmam que a região será valorizada. E a Lagoinha? Por que não foi e não está valorizada? Afirmam que atrairá mais serviços e comércios. Serviços como hotéis e bordéis? Espaços degradados para prática de atividades ilícitas como consumo e tráfico e drogas como acontece nas imediações da rodoviária atual? Afirmam que levará segurança. E por que no entorno da rodoviária atual não há segurança? Por que há mendicância e meliantes que aproveitam a grande circulação de pedestres para cometer delitos? Quais são as garantias de que a violência urbana não aumentará na região da nova rodoviária? E a situação da vila que será desapropriada? Quais as reais garantias a serem dadas aos seus moradores?

Além de tudo isso, o prejuízo para a história da cidade de Belo Horizonte seria imensurável; favoreceria a perda de identidade, relacionada à memória social de bairros afetados - Calafate, Prado, Padre Eustáquio, Nova Suíça. A área em discussão surgiu tangente ao anel da Avenida do Contorno nas duas primeiras décadas do século XX, ou seja, já nos primeiros 20 anos de vida da cidade. Mantém-se predominantemente residencial e está inserida nas duas regiões mais populosas: Noroeste e Oeste, primeira e terceira, respectivamente. A nova rodoviária promoveria a substituição de imóveis e a substituição de usos; desarticularia a dimensão comunitária e de sociabilidade; modificaria a paisagem urbana da região e as relações internas dos bairros; eliminaria a permanência e a perpetuação de famílias. Deve, portanto, se afastar de bairros consolidados.


Todo o movimento contrário à nova rodoviária é realizado por grupos sociais que representam grande parte da população. Infelizmente, esse mesmo movimento tem sido forçosamente calado ao não se dar voz através da mídia e dos órgãos públicos competentes. O que se quer é qualidade de vida urbana e social.

Vanessa Regina Freitas – Arquiteta Urbanista
vanessareginafreitas@gmail.com

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