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sábado, 15 de novembro de 2008

Águas de Novembro...

Alguma coisa em comum entre a notícia e o vídeo?

"A chuva que atingiu a cidade Belo Horizonte durou mais de 24 horas. Pelo menos 74 famílias já tiveram que abandonar áreas de risco, mas quase 30 ainda vivem sob a ameaça de deslizamentos. A Defesa Civil está em alerta.

As casas que oferecem esse tipo de perigo são demolidas. Nos morros, o que preocupa é o deslizamento de terra." Fonte G1



"Na sessão Nada a declarar, de Gustavo Acioli. Nele, o “personagem” entrevistado apresenta um discurso bem elaborado, pautado por atraentes clichês e armadilhas retóricas. O texto tem a ambigüidade de ser uma crítica sarcástica a uma classe intelectual bastante propensa à inação ou à própria justificativa retórica para sua inércia. Como Desnoes Memórias do Subdesenvolvimento, a longevidade e a riqueza de uma obra residem justamente na ambigüidade, na polissemia. Neste sentido, será bastante eloqüente nos determos sobre armadilhas retóricas e reação do público, pois certamente trazem à tona as contradições próprias de uma geração que não aceita o rótulo de “geração simpática” e decide realizar uma mostra chamada Carta Branca ao Submarino Vermelho, dentro do Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo.

Até que ponto, ao querer falar em defesa dos outros, dos menos favorecidos, não estamos colocando nossas palavras em suas bocas, fabricando seus discursos e uma vez mais domesticando sua revolta? Até que ponto, essa mesma pergunta sobre as conseqüências do “lugar de onde se fala” não é simultaneamente um envolvente convite para a inércia? Essas contradições multiplicam-se e emaranham-se em um filme simples feito apenas com uma câmera fixa, que registra o discurso do entrevistado, com ocasionais cortes para a jornalista. Tais contradições encontram eco na platéia, que oscila entre risos de quem reconhece um espelho renegado e uma certa indignação. Que lugar político é este, que é preciso inventar? Eles, os que sofrem, que se articulem e protestem; nós, privilegiados, comemos nosso queijo e tomamos nosso vinho e não temos “nada a declarar”.

"Mesmo que rejeitássemos a questão do sofrimento da própria classe média, oprimida em sua posição de kapo, não poderíamos descartar seu papel de carrasco em tal processo. Se a indignidade de falar em nome dos outros é inapelável, não menos indigno é omitir-se e não se perceber como parte de um determinado processo sóciometabólico. Talvez o ponto seja falar em nome próprio ao perceber-se parte deste processo. Falar a partir de um lugar que se reconhece como tal. Como sugeria Padre Jaime, enfim, “a cabeça pensa onde os pés pisam”". Fonte: Blog EarFlux

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