É. Não tem jeito. Um pausa só se for amarrado.
O Alencastro, em seu blog, comentando sobre a polêmica da Cidade da Música no Rio de Janeiro, nos provoca perguntando se a arquitetura de Portzamparc é a redentora de toda polêmica.
Segerido pelo mesmo Alencastro, li o bom artigo do Fernando Serapião sobre o obra de Christian de Portzamparc.
Serapião afirma que mesmo com todos os ataques e denúncias, a Cidade da Música é a obra pública mais relevante desde Brasília. Quem quiser saber mais sobre a obra, há um texto no Vitruvius também.
Por óbvio, tanto Alencastro quanto Serapião não são a favor da impunidade e da corrupção. E duvido muito que Portzamparc aceitaria eventuais vantagens para ser o autor da obra.
Então, tendo em vista que ainda não conheço a obra e li pouco a seu respeito, respondo a provocação acima. Um assunto tão importante quanto.
A corrupção e a impunidade estão tão incrustadas na sociedade brasileira que é difícil não por em cheque obras públicas no Brasil. A Cidade da Música não é exceção.
Contudo, a boa arquitetura, a qualidade do edifício e a tecnologia empregada na construção, ao contrário da legítima defesa, não exclui a ilicitude. Havendo ilegalidades nos gastos públicos, os responsáveis deverão ser punidos.
Há um pensamento no Brasil do "rouba mas faz" que deve mudar. Reitero: a obra que soluciona vários problemas urbanos, por exemplo, não exclui o prefeito e demais agentes públicos de uma condenação por improbidade administrativa. E o resultado das urnas tão pouco substitui o Judiciário.
Fora isso, vamos prestigiar a obra, analisá-la, usufruí-la e apoiar a investigação de possíveis ilegalidades e a condenação dos responsáveis.
2 comentários:
Olá, Marco,
concordo plenamente na sua colocação sobre essa corrupção generalizada. É importante destacar que fato semelhante aconteceu na implantação da Vila Pan-Americana, no Rio de Janeiro.
No entanto, como arquiteta, carioca e residente da Barra da Tijuca, assisti todas as etapas da construção da Cidade da Música e gostaria de adicionar mais três colocações sobre esse edifício:
01- Implantação: a escolha do terreno não foi adequada. A área conhecida como "o cebolão" é formada pelo cruzamento de duas importantes avenidas, em meio a um anel viário de alta velocidade. Além da dificuldade de acesso aos pedestres,a entrada e saída de veículos também prejudica o tráfico da área. Destaco também a desconexão com a rodoviária existente, acesso importante ao edifício.
02- Visuais: O edifício está localizado no principal acesso à barra da tijuca e bloqueia a visão em direção ao mar e aos edifícios entre a lagoa e a praia. O terreno não comporta, também, a escala (em dimensões) do empreendimento.
Para complementar, creio que seja importante avaliar a manutenção do edifício e a sua utilização efetiva pela comunidade. Espero, sinceramente, que a Cidade da Música seja utilizada pela população do Rio de Janeiro, como local de difusão e valorização das artes (à semelhança do exemplar em Paris) e não termine "alugada" por um banco ou grupo empresarial específico, fechada para a cidade, como ocorreu com parte das instalações da vila pan-americana.
Um abraço e até a próxima!
E aí, Andressa!
Interessante sua colocação. Quem não está o Rio e não ver a obra ao vivo, não percebe esses detalhes.
Como destruir e reconstruir é uma tarefa complexa e possivelmente desnecessária, espero que os problemas de acessibilidade ao edifício sejam melhorados. Tanto em relação ao pedestre quanto ao veículo; que as pessoas, turistas e moradores, possam usufruir do edifício na íntegra. Uma pena que a obra obstruiu a vista do mar.
Espero, também, que CREA, IAB, MP, OAB e demais setores da sociedade mobilizem para que a Cidade da Música não torne um elefante branco.
Abraços e até mais,
Marco Antonio.
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