Na faculdade, os alunos do segundo período fizeram um trabalhinho para ser apresentado na segunda semana de aula sobre teoria da arquitetura e história da arquitetura. Pediram para que cada aluno apontasse uma edificação que ele "gosta" e uma que ele não "gosta". A maioria das escolhas ficaram entre Niemeyer, Dubai, a casa do vizinho e projetos de revistas como a Casa Claudia.
Recentemente, o Fernando Lara, no seu blog Parede, comentou sobre o livro do Kenneth Frampton, The Evolution of 20th Century Architecture, a synoptic account (New York: Springer, 2007). Dentre outras coisas, ele diz que "Frampton começa afirmando que o crescimento da mídia arquitetônica anulou de uma vez por todas a diferença entre centro e periferia. Sei não, alguém ainda duvida que um ensaio ou um edifício brilhante de alguém em Cuiabá por exemplo teria o mesmo impacto das páginas e mais páginas de bobagens que se publica todo ano em Columbia ou na AA de Londres?"
Há um tempo atrás, o Thiago Beck e o Henrique Gonçalves, do DOOB, fizeram uma enquete com a seguinte pergunta: "Qual foi, na sua opnião, o principal motivo para o vanguardismo da arquitetura brasileira ter se perdido nas últimas décadas?"
Diante desses três fatos, constata-se que o problema da arquitetura é mais complexo e amplo.
Se o vocabulário arquitetônico de alunos, ainda que iniciantes, é mínimo e é patente que o vanguardismo da arquitetura brasileira se perdeu nas últimas décadas, qual mídia arquitetônica Frempton se refere (A Casa Claudia conta?)? E como essa mídia anulou a diferença entre centro e periferia? Concordo com o Fernando e digo mais: seria exagero afirmar que Rio e São Paulo estão no centro e os demais estados na periferia, a exemplo do fenômeno ocorrido entre países?
Por que o arquiteto urbanista e o estudante não se tornaram ainda protagonistas de uma mudança?
Alinho com o pensamento fremptoniano, pelo menos nesse aspecto, que "uma ocupação espacial ao mesmo tempo culturalmente sensível e ecologicamente correto" é necessária. A arquitetura transcende o edifício.
Se isso não mudar, o arquiteto urbanista não servirá nem para tecnocrata em repartições públicas.
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