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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Crateras engolem quilômetros de terras produtivas no Centro-Oeste

Em 1999, o professor Edézio Teixeira, no artigo intitulado "País Provisório", publicado no jornal "Estado de Minas", alertou-nos:

"Sobre as voçorocas de Minas, São Paulo, Mato Grosso do Sul, iniciadas há trezentos anos, e que continuam a ser criadas pelas formas expoliativas e anti-científicas de explorar a terra: já passa da hora de compreenderem os que tentam corrigi-las, empiricamente, que a remoção do solo erodido no voçorocamento é a única razão essencial de progresso do fenômeno. Sua imobilização a única forma de contê-lo. A forma de combatê-lo é também a forma de evitá-lo". 

A reportagem abaixo, veiculada no Jornal Hoje, trata exatamente das voçorocas. No referido artigo, Edézio Teixeira afirma que buscamos resolver os problemas, sem, contudo, evitá-los. Somente postergamos o problema que, fatalmente, cedo ou tarde, nos afetará tal qual nos afetou. 

Aqui há três postagens que falam sobre como resolver e evitar o processo de erosão. Mas como somos o país do provisório, o problema será postergado e não solucionado. Por falar nisso, as chuvas estão aí.

REPORTAGEM: 

Crateras imensas, chamadas de voçorocas, estão engolindo quilômetros de terras produtivas no Centro-Oeste do país. É um alerta a todos que se preocupam com o meio ambiente. Do alto, um imenso tapete verde. É lavoura de soja que só acaba na cabeceira de uma voçoroca. 

O nome esquisito identifica essa cratera aberta pela erosão. É impossível ter lavoura ali dentro. O gado não pode nem chegar perto. A voçoroca é resultado do desmatamento e do crescimento descontrolado das plantações.

“Sempre as consequências são as mesmas: vão assoreando os cursos da água e olha só a morte e o assoreamento de todo o manancial”, diz o delegado Luziano de Carvalho. A delegacia do Meio Ambiente de Goiás sobrevoou nove municípios do estado. Localizou 50 voçorocas de todos os tamanhos. Algumas até ganharam nome para facilitar a identificação. 

Uma delas, no município de Mineiros, é a Urtiga. Dentro dela cabem cinco estádios de futebol, dos grandes. A profundidade em alguns pontos equivale a um prédio de quinze andares. Os investigadores descobriram a área há cerca de três anos. Nunca tinham visto algo parecido e, desde então, eles vêm acompanhando o avanço da degradação do meio ambiente. 

Desde a descoberta, a erosão já cresceu 30%. Fico com vergonha de ter que mostrar alguma coisa na minha propriedade que é vergonhoso para os ambientalistas, para os produtores. O meu sentimento é de vergonha mesmo”, fala o fazendeiro Eduardo Oliveira de Rezende. 

Outra voçoroca, que não tem nome, está perto do Parque Nacional das Emas, patrimônio natural da humanidade. Não muito longe, há um trecho de cerrado virando deserto. Não dá para tapar esses enormes buracos com terra. A única saída é reflorestar. 

A delegacia do Meio Ambiente quer que os produtores plantem árvores dentro e ao redor das crateras. Custa caro, mas quem se recusar vai responder por crime ambiental e pode pegar até um ano de prisão. 

O agricultor Milton Fries gastou R$ 800 mil reais na tentativa de controlar a Chitolina, uma das maiores voçorocas do país. Ela tem 2,5 km de extensão e até 80 metros de largura. “Daqui uns dez, quinze anos você não vê mais. Porque a gente continua com a intervenção, jogando sementes, plantando mudas e a própria natureza se encarrega a reformar a natureza. Eu me sinto realizado porque eu consegui contornar a situação de mais uma voçoroca”. 

A delegacia de Meio Ambiente de Goiás já intimou 90 fazendeiros para que contenham as voçorocas em suas terras.

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