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quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Dia Mundial da Arquitetura - Temos o que comemorar?

Intempestivamente saudo todos os arquitetos e neófitos pelo dia mundial da arquitetura, celebrado dia 02 de outubro.

Mas temos o que comemorar? Senão vejamos:

As favelas, não só em Belo Horizonte, mas no Brasil inteiro proliferam e não há iniciativas arquitetônicas viabilizadas cem por cento. Claro que o Poder Públicotambém contribui para isso e trabalhar com um aglomerado irregular e ilegal necessita de uma equipe multidisciplinar.

Mas o fato é que as iniciativas nesse sentido funcionam muito mais para desencargo de consciência do que para realmente resolver, não todo o problema, mas boa parte dele.

Além das favelas, há a questão dos edifícios inacabados e abandonados que alguns deles acabam sendo ocupados. Aonde anda o arquiteto? Aliás, aonde anda alguém? Problema do Poder Público? Não podemos entregar, ou outorgar nossos direitos aos governantes como foi proposto por Thomas Hobbes no livro O Leviatã.

Mas quanto o arquiteto age de forma considerável, sobra pouco. Em muitos viadutos de um determinado trecho de uma longa avenida localizada em Belo Horizonte, moravam famílias. O tempo de moradia nesses viadutos variavam de 5 a 15 anos. E a Prefeitura - mesmo com apoio de Instituições de Ensino Superior, Ong e Pastorais que apresentaram projetos arquitetônicos, pareceres de advogados na questão da posse, de sociólogos e economistas na questão da permanência das pessoas nos baixios dos viadutos - fez-se de surda e retirou essas pessoas. As encluiram num programa paternalista de moradia denominado Bolsa Moradia.

E frisando o que disse anteriormente, muitos projetos arquitetônicos são edificados e "ninguém sente um apego particular e que não funcionam como pontos de encontro à maneira tradicional. (...) E que consistem no desenvolvimento do território em enclaves fechados, desconexos, relacionados exclusivamente pelas vias de trânsito e pelas redes de comunicações."

Uma consequência disso tudo é, ironicamente, o agravamento da insegurança.

Espero que ano que vem possamos comemorar alguma mudança.


Trecho das aspas retirado do site http://www.iab-rs.org.br/colunas/artigo.php?art=16.

Um comentário:

Anônimo disse...

Então Marcão!
Conversando com minha Tia Assitente Social, árdua em sua profissão, debati com ela essa questão do papel do Arquiteto em Favelas e de maneira geral, forma resumida de dizer, naquilo em que não está "Projetado" na cidade.E...
Não existe! Do que adianta um Arquiteto criar casas para a Classe Média e até a Classe rica (por assim dizer, rica mesmo!!!) e não olhar o lado dos menos favorecidos? Além de Arquitetos, o que somos quanto seres humanos? Antes de profissionais que tiveram a Bênção de Deus de poder estudar, somos como eles.. Não somos melhores. Seria cretinice pensar assim (não companheiros de batalha diária??)! Então, acredito que temos que olhar para as "Donas Angelas" por ai (remete ao trabalho do grupo do Adilson na disciplina da Josana). Não de tirar de sua moradia por muito tempo. Mas pensar de maneira recicladora e criar (porque temos capacidade!!!)numa solução E EXECUTA - LÁ. Proponho assim aos meus companheiras de Batalha Diária (incluindo os professores) a pensar em dinâmicas que volta ao ao trabalho POR essas pessoas. Acredito que seria muito bom. Além de ser uma realização pessoal se fazer o bem aos que precisam, também aos olhos de Deus.
Até!
Kel