No dia 22 de setembro de 2006, aconteceu o movimento "Na Cidade Sem Meu Carro", organizado e articulado pela ONG mineira Rua Viva (http://www.ruaviva.org.br/), com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte (http://www.pbh.gov.br/), BHTRANS (www.pbh.gov.br/bhtrans) - empresa pública responsável pelo trânsito em Belo Horizonte - e com a participação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, única faculdade de Arquitetura envolvida. (Na primeira foto, intervenção do evento de 2006.)
Na cidade sem meu carro é um movimento internacional em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida nas cidades, que acontece anualmente no dia 22 de setembro. A Jornada "Na Cidade Sem Meu Carro" surge da preocupação relacionada com a qualidade do ar das nossas cidades. Tendo em vista que o setor dos transportes é responsável por 40% da emissão das partículas poluentes do ar, isto somado aos crescentes problemas relacionados com o uso do automóvel, vários países da União Européia lançaram esta iniciativa pela primeira vez em 22 de Setembro de 2000.
Não se trata da mera questão de vedar o tráfego motorizado em algumas ruas, mas sim de proporcionar às pessoas uma oportunidade para descobrirem outras formas de transporte e de viverem este dia sem sentirem restrições à sua mobilidade.
Objetivos são:
• Provocar uma reflexão sobre a presença tão determinante dos automóveis nas cidades em todo o mundo, que acarreta problemas como milhares de vítimas de acidentes de trânsito, aumento da poluição atmosférica e a valorização de uma cultura individualista;
• Conscientizar o público, gerando informação e debate sobre a mobilidade urbana e soluções para os atuais problemas (poluição, segurança, congestionamento,...);
• Apoiar as iniciativas municipais, estabelecendo novas parcerias a nível local;
• Despertar nos cidadãos a consciência sobre o uso racional e solidário do automóvel;
• Proporcionar aos cidadãos uma oportunidade para redescobrirem a sua cidade, os seus habitantes e o seu patrimônio, num ambiente mais saudável e aprazível;
• Estimular novas políticas e iniciativas na mobilidade urbana.
E neste ano, para tentar alcançar esses objetivos, fecharam quatro quarteirões de uma região de grande fluxo de veículos e no lugar do asfalto, colocaram grama (projeto do pessoal da PUC).
Em que pese que o movimento quebra a rotina, o cotidiano das pessoas e que a adesão de empresas, ONGs e cidades cresce, cabe uma reflexão - não só sobre o movimento, mas, principalmente, sobre a quantas anda o planejamento urbano - será que os objetivos são alcançados? Há outros objetivos?
Em Belo Horizonte, por exemplo, reformaram uma praça no centro da cidade (Praça da Estação). Sem vegetação nenhuma e no meio duas fontes secas. Parece mais com um pátio de uma montadora de veículos do que com uma praça. Argumenta-se que é para organização de eventos e que árvores facilitam a violência. Estou falando de uma praça, não de uma Reserva Florestal e quanto aos eventos, eles ocorrem esporadicamente. Durante os dias comuns, ela se torna mera passagem de parcos pedestres que necessitam utilizar o metrô. (Na segunda foto, de divulgação da Linha Verde, vê-se à direita a Praça da Estação e entre as avenidas a cobertura do Ribeirão Arrudas.)
Por falar em metrô, os Governos gastaram uma fortuna para ligar duas regiões antípodas da cidade mas as obras estão paradas há anos e sem previsão de retorno. Em suma, o metrô não atende nem um décimo da população que não anda de carro.
Recentemente, o Governo Estadual está implantando a Linha Verde. Um corredor de acesso rápido que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Esse é o objetivo do projeto Linha Verde, que fará intervenções em três frentes: duplicação e restauração da rodovia MG-010, construção de viadutos e trincheiras na avenida Cristiano Machado e cobertura de parte do Ribeirão Arrudas. O nome faz referência ao sinal de trânsito, que entrega a lógica da obra: o veículo. Nada contra a obra e sim como ela foi concebida e está sendo construída. Pode-se cobrir o Arrudas, mas por que não despoluí-lo também? Essa é uma de outras perguntas.
E mais: como nós, arquitetos urbanistas, neófitos ou não, podemos mudar isso? O movimento "Na cidade sem meu carro" está atendendo os seus objetivos? Se não, como ajudar? Contribuir?
Até.
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