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sábado, 4 de novembro de 2006

Simbolismos e significados de uma arquitetura passada

O passado nunca foi tão procurado quanto hodiernamente. Nunca valorizou tanto o passado como hoje. O senso de preservação está aguçado. O passado nos fascina. Saudosismo? Definitivamente, não.

Atribuo a esse “saudosismo” ao desespero humano de perder suas raízes, sua identidade e, sobretudo, sua memória nos dias atuais.

A arquitetura dos gregos e romanos pagãos e cristãos, do renascimento, barroca, gótica, moderna, está repleta de simbolismos e significados. A relação do homem com esses lugares era mais intrínseca. Aliás, a relação do homem com a cidade era mais sincera. As igrejas, não por acaso, representavam a cruz cristã e dependendo da época de sua construção podiam ter vitrais ou não, cúpulas ou não, arcos ou não. E os homens podiam morar em outras cidades. Mas para obter prosperidade, levavam um pouquinho do solo da terra natal para o novo lar.

E hoje, o que ocorre? Uma descaracterização desmedida, uma não-caracterização incontrolável. Contemporaneidade, hoje, virou sinônimo de desordem, de bagunça, de non sense. Uma baderna geral.

Não há lógica nem porquês tanto na arte quanto na arquitetura contemporâneas. A técnica foi abolida, a teoria esquartejada. Qualquer um está habilitado a fazer arte, a construir, a projetar. E o antigo tornou-se uma tentativa de resgate da memória, da identidade. Tendo em vista que nos dias de hoje não ocorre essa identificação. O que são, então, as cidades para nós? Um lar? Não. Está mais para um banheiro pútrido.

Portanto, temos que “enfrentar os múltiplos sentidos da espacialidade urbana”, afirmam teóricos como Rita Lucena Velloso.

Mas antes disso, essa arquitetura contemporânea deve ser considerada passada – ou ultrapassada, para lembrarmos de nunca mais produzirmos algo tão banal e vazio.

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