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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ensino de Arquitetura e Urbanismo

"Caverna de Platão". Ilustração de Paulo Ghiraldelli Jr

Fernando Lara, em seu blog parededemeia.blogspot.com, pergunta onde estão os arquitetos urbanistas ao comentar um artigo de Jim Lewis no New York Times sobre o problema da habitação de refugiados de guerra e de catástrofes naturais.

A julgar pelas nossas cidades, questiono onde estão os arquitetos urbanistas em tudo (para não perguntar onde estão os cidadãos).

Em Belo Horizonte, por exemplo, cidade onde moro, percebe-se claramente que a responsabilidade estatal é única na transformação do espaço urbano contemporâneo. A síndrome do Leviatã apresenta seus sintomas frequentemente. E seguramente isso não acontece somente em Belo Horizonte.

As revistas e jornais, impressos ou virtuais, atem-se a comentar e elogiar obras arquitetônicas propriamente ditas: prédios, casas, edifícios, etc..

Penso que o problema está no ensino. Vale lembrar que o Centro Universitário UNA e a PUC (para ficar na capital), apresentam currículos inovadores, atuais, modernos e que pretendem diminuir a distância entre a academia e a realidade. Por sinal, são currículos excelentes mas ainda é cedo para dizer se são eficazes, pois estão longe de formarem a primeira turma. Espero que sejam sucesso de público e crítica.

Mas a questão é a seguinte: por que não estudamos, inclusive, a obra do professor arquiteto? Por que não estudamos o processo criativo e projetivo do professor arquiteto, inclusive? Por que os Trabalhos de Final de Graduação (TFG) quase nunca são concretizados ou sequer são estimulados a isso? Por que somos estimulados a projetar edificações apenas? Se o aluno quiser projetar outra coisa, ele que se vire. Por que não somos estimulados a criticar, no sentido de apontar erros e equívocos, obras arquitetônicas e projetos urbanos? Por que raramente conhecemos a arquitetura da nossa cidade? Por que quase nunca saímos de sala de aula com orientação docente?

Não estou "descendo a ripa" em professores e dirigentes escolares, pois reconheço os esforços de muitos deles para melhorar a qualidade do ensino. Mas, em que pese isso, as coisas caminham a passos lentos.

Creio que ou saímos da caverna e liquidamos o Leviatã, ou continuaremos românticos e nostálgicos. Reconheçamos, portanto, nossas limitações para eliminá-las e aperfeiçoarmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Arquitetura não tem reserva de mercado. Por isso, as escolas insistem para que o aluno projete casas, escolas, centros comerciais, etc. - que são importantes.

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão disse...

Pois é Daniel.
O arquiteo urbanista deve assumir a postura de projetista de edificações, mobiliários, objetos, design, interiores e gestor de projetos.
Mas infelizmente a questão é mais complexa.